domingo, 18 de julho de 2010

Nelson, o Serial Killer

Estava sentado à mesa da praça de alimentação no shopping, observando, em busca de sua próxima vitima, quando viu uma mulher lindíssima que acabara de chegar. Corpo violão dentro do tailleur risca de giz, jeito de quem saíra há pouco do trabalho. A saia deixava entrever coxas estupendas. Parecia nova, mas pela idade das meninas que a acompanhavam e que a chamavam de mãe, devia beirar os 40. Marido ao lado, duas filhas e uma velhinha, provavelmente a avó das crianças: cena familiar, mulher honesta. Perfeita.

Gostava mesmo era das insatisfeitas no casamento. Imaginava um marido distante, cotidiano, falsas dores de cabeça à noite. Observava-as por alguns dias. Encontrando-as sozinhas, começava o jogo da conquista.

Nelson era um homem belo, atlético, começando a ficar grisalho. Usava ternos Armani, gravatas destoando-combinando, sapatos italianos, perfume caro. Dirigia um Porsche Carrera conversível. Fácil, na maioria das vezes, se fazer amado. Sim, Nelson sentia-se amado.

Algumas davam trabalho: desconfiadas, castas, pudicas, medrosas. Mas ao final, sempre se rendiam. Se poesia e aventura era o que queriam, ele as fornecia em grande quantidade. Planejava tardes de amor, pic-nics, fugas, “esse Canalha não te dá valor, te levo pra ver o mundo“

E o dia chegava. Pedia para fazerem algo diferente: ”Quero te amar na tua casa”, dizia, e elas aceitavam entusiasmadas. Quando os maridos saíam, tocava o interfone e entrava.

Bom amante, mestre em preliminares, todo dedos e língua, deixava-as molhadas, manipuláveis, cooperantes. Prometia amor eterno, e não era mentira. Então pedia para algemá-las na cama, fazia amor como em noite de núpcias, devagar, degustando cada momento, olhos dentro dos olhos da amada, bocas coladas. Quando estava gozando, ele as matava estranguladas.

Aperfeiçoara a técnica após ter lido o conto de Rubem Fonseca onde o protagonista asfixiava sua vítima durante o coito e a falta de oxigênio da morte fazia sua vagina contrair-se fortemente. Para isso esperava o momento certo. Era a parte que mais gostava: seu pau parecia ser esmagado, cortado.

Sentia-se um herói anônimo, dando um último prazer àquelas mulheres infelizes. Tinham conhecido o grande amor e podiam morrer satisfeitas. Aquela ali não seria diferente. Parecia muito neurótica, comandando a operação lanche fast food, colocando refrigerantes, batatas fritas e hambúrgueres na frente das meninas. E o marido observava. Essa mulher magnífica precisava de um homem como ele, Nelson. “Você é uma benção na minha vida”, já podia ouvi-la dizer. Era realmente muito bela. Seria um tesão matá-la durante o orgasmo.

Foi então que viu; o marido, aparentemente passivo, colocou a mão por baixo da mesa e segurou o pé da mulher, escorregou seus dedos para dentro do sapato alto, apertou de novo e levando a mão ás narinas, cheirou os próprios dedos. Lançando um olhar lúbrico para sua esposa, o homem apertou novamente seu pezinho e ela retribuiu o olhar cúmplice.

“Vagabunda, suja”, pensou, e foi embora procurar outra. Aquela não servia para ele.

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