não há um só dia
em que não lembro
da luta
das latas dagua na cabeça
os feches de lenha
as cercas
as secas
o roçado os caminhos
os barreiros cavados
os jardins
as gentes
as trempes do fogão de lenha
as pedras para sentar
os dias de terça feira
dia de feira
em oi daua
não há um só dia
em que eu não lembro
setembros secos
corta ventos de cambão de milho
carros de garrafa de agua sanitaria
e baleadeiras
as algarobeiras
as cadeiras de balanço na sala
o radio ligado
a liga sem dinheiro para amarrar
amarrando dinheiro
de carteiras de cigarros
as estradas sem carros
e as gentes nas estradas
Um comentário:
Lindo, Carlos. Memórias duras, mas extremamente belas, descritas com a serenidade daqueles que amam sua identidade. Gostei muitíssimo. Sandro Pinto.
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