segunda-feira, 12 de agosto de 2024

A Verdade sobre o Dia dos Pais: Reflexões sobre a Ausência Paterna


 A Verdade sobre o Dia dos Pais: Reflexões sobre a Ausência Paterna



Por Carlos Galdino


Neste Dia dos Pais, as homenagens enchem as redes sociais de mensagens emocionadas e declarações de amor. Mas, para muitos, como eu, esse dado é um convite à reflexão sobre a ausência e a dor que ela deixa. Não estou aqui para romantizar ou idealizar meu pai como um herói infalível. A verdade é que, apesar de amá-lo, meu pai foi e continua sendo, um homem covarde. Seria hipócrita usar um dia comercial ou uma convenção social para afirmar que ele é um pai decente, amoroso.


Entendendo que ele não teve uma infância fácil. Sei que cresceu sem carinho e afeto, sem referências de amor e cuidado. Tento, sempre que possível, me colocar no lugar dele, entender suas  limitações. Mas, ao longo dos anos, a vida deveria ter lhe ensinado que a falta de afeto no passado não justifica a omissão, a covardia e a ausência  no presente. Ser pai é mais do que um título biológico; é um compromisso diário de amor.


Infelizmente, meu pai buscou  se ausentar. Com toda a tecnologia disponível hoje, ele nunca conseguiu fazer uma simples ligação ou chamada de vídeo para falar comigo, seus filhos, netos ou netas. Mesmo após inúmeras tentativas de aproximação, conversas sinceras sobre a importância da relação familiar, ele não mudou, nem vai mudar. É doloroso ver que, enquanto ele dedica horas nas redes sociais e em ligações para outras pessoas,  não  liga para o filho ou família, não sai das redes sociais e não para de fazer vídeos para mulheres apesar da  idade. Meu pai não se toca, não aprendeu, nem vai aprender, então continua a ser um grande covarde, e dizer isso não quer dizer que eu não o ame, mas não posso deixar de falar essa verdade, de mostrar essa dor. 


Chamá-lo de covarde não significa que eu não o ame. Pelo contrário, é justamente por amá-lo que essa verdade dói tanto. Nunca esquecerei que ele abandonou minha mãe sem dar o mínimo de assistência, deixando que ela me levasse para ser criado pela minha avó no sertão de Pernambuco. Minha avó foi minha verdadeira referência de mãe, mas, mesmo sem a presença dele, meu pai sempre foi a figura paterna que eu ansiava ver e ter contato.  Como minha avó era solteira, eu não tive um avô como pai, sempre soube que meu pai era  era meu pai, nunca entendi porque ele não ia me ver mesmo quando ia a cada ano passear na casa dos meus avós paternos que ficava  do lado de minha casa.  


Lembro-me com tristeza do quanto sofri ao perceber seu abandono. Ele visitava os pais dele em Pernambuco todos os anos, passando pela porta da minha casa e nunca parava para me ver ou falar comigo. Eu subia nas árvores para tentar ver seu rosto, ansiava  por um presente, por uma palavra, mas ele nunca parou. A dor era profunda,eu nem sabia como era o nome daquela dor, qual  era o nome daquele sentimento naquela época. não sabia que fazer com aquele sofrimento, nem o tamanho, eu só sei que doía e que ainda dói. 


Este Dia dos Pais, para mim, não é sobre celebrações, mas sobre enfrentar a realidade de que, mesmo amando meu pai, a ausência dele deixou marcas profundas em minha vida. É um convite para refletirmos sobre o papel do pai na vida dos filhos e para lembrarmos que, enquanto alguns brindam a presença, outros carregam o peso da ausência.


Pai… para finalizar essa carta que escrevi com muito custo – pelo menos três lágrimas que escaparam durante o relato -,queria pedir sinceras desculpas por ser teu filho. Aceite-as de coração. Deve ser muito ruim ganhar um presente e não gostar dele, né? Deus lhe presenteou comigo e você simplesmente abriu mão e me deixou à própria sorte ainda bebê.

Se eu pudesse escolher, certamente pediria pro papai do céu me dar outro pai, pq aí você não ficaria com esse fardo de ter um filho ou de precisar amar alguém que não deseja. Sei que, por mais que você fique longe de mim, sempre será lembrado por Deus que tem um filho por aí, e embora eu não ache que deva sentir isso, às vezes tenho sentimento de culpa por achar que sempre atrapalhei a vida de alguém.”


Que essa reflexão possa servir de alerta para todos nós. A ausência paterna é uma ferida que não cicatriza facilmente. E, se você é pai, lembre-se de que a presença não se mede em gestos grandiosos, mas no cotidiano, nas pequenas atitudes de amor e cuidado.



Um comentário:

Maria Lu T. S. Nishimura disse...

O papel de um pai realmente é importante na vida de um filho, contudo há aqueles não aprenderam a ser pai, para estes ainda resta o perdão, perdoa seu pai e mesmo sendo difícil, tenha gratidão por ele ter te dado a vida, peça a Deus que o guie e oriente. Felicidades, Deus te abençoe!

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