sexta-feira, 3 de maio de 2024

Poesia Silenciada: Exclusividade e Falta de Transparência Marcam Eventos Literários em São Paulo.


 Poesia Silenciada: Exclusividade e Falta de Transparência Marcam Eventos Literários em São Paulo.



Por Carlos Galdino, poeta

Na vibrante cena cultural de São Paulo, a poesia parece ecoar com um tom de frustração. Eventos literários que se propõem a celebrar a diversidade de vozes poéticas, na prática, fecham suas portas para novos talentos, perpetuando a invisibilidade de grande parte da produção poética da cidade.

Um ciclo vicioso de exclusão

A repetição de nomes já consagrados, a falta de transparência nos processos de seleção e a escassez de oportunidades para autores iniciantes são apenas alguns dos sintomas de um sistema que exclui e marginaliza grande parte da riqueza poética paulistana.

Em vez de abrir espaço para a diversidade e fomentar o surgimento de novas vozes, muitos eventos se transformam em palcos para um seleto grupo de autores já conhecidos. Essa prática, além de ser injusta com os poetas que estão começando sua trajetória, contribui para a estagnação da própria cena poética, que se torna refém de um ciclo vicioso de exclusão.

Cartas marcadas e a falsa sensação de democracia

A sensação de "cartas marcadas" é cada vez mais frequente entre os poetas que se sentem excluídos desses eventos. A repetição dos mesmos nomes, muitas vezes vinculados a grupos ou saraus específicos, gera a desconfiança de que há privilégios e favorecimentos em jogo.

A falta de inscrição aberta para participação, quando presente, é muitas vezes acompanhada por uma divulgação precária. Poetas iniciantes, sem acesso a grandes plataformas de comunicação, sequer tomam conhecimento das oportunidades, ficando de fora por pura falta de informação.

Mapear para democratizar

É urgente que os organizadores de eventos literários adotem medidas para democratizar o acesso e garantir a representatividade de diferentes vozes poéticas. Um mapeamento amplo e abrangente dos poetas da cidade, com foco em autores iniciantes e de diferentes regiões, seria um bom ponto de partida.

A partir desse mapeamento, é possível criar mecanismos de seleção transparentes e democráticos, que valorizem a diversidade e deem oportunidades reais para que novos talentos possam se apresentar e serem reconhecidos.

Onde estão os outros?

Enquanto eventos com grandes orçamentos públicos se fecham para a diversidade, iniciativas menores, como o Festival Caiu na Rede é Cultura, o Sarau da Vila Prudente, o Sarau Poesia de Porão, o Sarau do Jabaquara e o Sarau dos Cantores Compositores e Poetas de São Paulo, lutam para sobreviver e dar voz a novos poetas.

A poesia precisa de todos

A poesia brasileira é rica e diversa, mas essa riqueza não se reflete na programação da maioria dos eventos literários em São Paulo. É hora de romper com o ciclo da exclusão e abrir espaço para que novos autores possam contribuir para a cena poética da cidade.

A poesia precisa de todos, e todos precisam da poesia. É hora de construirmos um ambiente literário mais inclusivo, democrático e plural, onde a voz de cada poeta possa ser ouvida e valorizada.




Carlos Galdino

Poeta

São Paulo, 03 de maio de 2024

Rádio Cantareira FM

Expresso Periférico

Tribuna Escrita

#PoesiaLivre #DemocratizaçãoCultural #SãoPaulo


2 comentários:

L(Max) disse...

Excelente…. Excelente!

Paulinho Dhi Andrd disse...

Muito bom. Precisa muito ter espaço para quem está começando, pois são essas pessoas que irão substituir os que hoje fazem arte.
Parabéns meu caro poeta Carlos Galdino.
Grande abraço e tudo de bom.

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