Oficina de poesia de Lourival Farias Sodré - 2005
Oficina de Poesias de Lourival Farias Sodré: Tem peças para a palavra?
Por Carlos Galdino
Chegando lá, era por volta de 6:30 ou 7h. No salão oval da entrada, tinha uma roda de pessoas. Cheguei meio sem jeito e sentei. E aí, um senhor ouvia atentamente, perguntava, queria saber das pessoas, explicava calmamente, falava manso, pontuando aquele encontro, direcionando, sugerindo. Eram encontros de afetos, democracia, lugar de fala, oportunização e construção de sonhos, em uma verdadeira entrega de amor pela poesia e pela palavra por parte professor Sodré. Dessas oficinas nasceram amizades, poesias e livros coletivos, que as pessoas participantes das oficinas aprenderam a escrever e produzir coletivamente, desde a escolha do nome à revisão do boneco.
As oficinas conduzidas pelo professor Sodré foram muito importantes para a poesia, para os participantes e para a literatura na cidade de São Paulo. Muita gente realizou o sonho de ter sua poesia publicada e muita gente saiu das oficinas para alçar outros voos. As oficinas aconteceram em uma época pré-internet e pré-sarau, onde ainda não se tinha espaço para lançar livros, sobretudo de poesias, nem para declamar poesias ou textos produzidos nas oficinas.
Entre tantos fatos importantes das oficinas está a herança da roda, da reflexão a respeito da palavra e da poesia e de nossos direitos. E eu viajo no tempo quando me vejo conduzindo um Sarau com os mesmos moldes que o Sodré conduziu as oficinas, na roda, ouvindo, orientando, fazendo as pessoas brilharem.
Sarau do Jabaquara 2024.
Um comentário:
Uma oficina tem grande poder, desde arrumar peças a construir um novo quebra-cabeças! Muito bom!!
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