domingo, 11 de abril de 2010

Posteridade ou Privada?


Vejo a ostra se abrindo e cismo:
sou efêmera massa mole
a ser cagada depois de comida,
ou a jóia rara, nela contida?

Vejo a ostra se abrindo e cismo:
ainda nos pensaremos pérolas
quando começarmos a morrer,
moluscos eremitas,
em completo ostracismo?

Não quero ser comida,  não quero ser cagada,
depois de digerida:
mas também não quero apenas enfeitar a vida.

De nada serve a jóia se não alimenta?
Pra que serve a cigarra? Pra que serve a formiga?

Pra que serve a cigarra que recita lava-pés
e entoa canções saúvas?

Cigarras explodem jovens,
formigas ficam velhas e apenas correm:
só as formigas morrem.

(O remédio pra tudo é uma panela de água fervente que já deviam ter me jogado).

Um comentário:

Nadine Granad disse...

Crítico, denso, sem perder a poesia!...
Adorei ;)

Espaço sempre lido, embora nem sempre comentado!

Abraços carinhosos =)

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Para André dias - Poesia é besteira - por Rudá